O Significado da Roda e da Serpente

Queria ouvir todos sobre como vocês encaram isso. Infelizmente pode ter spoilers.

Desta forma, caso quem for comentar sobre o assunto entenda que vai dar problema para os menos avançados, usem a ferramenta "spoiler" do forum. Assim o texto fica oculto.

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Excelente tópico!! Muito bom pra pirar e viajar nas filosofias da vida!!

Pra mim, a Roda do Tempo significa, como o próprio nome sugere, o tempo, hahahahaha! Mas não é um simples conceito de tempo, em que se tem aquela ideia de progressão infinita das coisas, que caminham invariavelmente para a frente, sempre. É um conceito cíclico de tempo, em que as coisas tendem a se repetir de tempos em tempos. O futuro repete o passado, e assim esses conceitos estão em profunda e eterna confusão.

A Serpente, por sua vez, também faz parte do conceito de tempo cíclico dentro da obra. A Roda não vive sem a Serpente, e vice-versa. Porque a Roda não gira sozinha; depende da Serpente (que também é cíclica - está mordendo o próprio rabo em um movimento repetitivo eterno) pra girar. E a Serpente, sem a Roda, não tem função alguma.

E mais: a Serpente, por formar um ∞, que é o símbolo do infinito, só reforça a ideia de que, no contexto da obra, o tempo é cíclico, e que esse ciclo nunca termina.

A despeito disso, porém, a obra coloca dois "temperos" bastante interessantes nessa sopa: 1) a intenção da Sombra em quebrar a Roda/ matar a Serpente (duas ações que, pra mim, levariam a resultados diversos: quebrar a Roda acabaria com o ciclo; matar a Serpente acabaria com o próprio girar da Roda, e assim como próprio tempo, cíclico ou linear) é extremamente curiosa, pois pode até ser interpretada como algo bom em alguns momentos!; e 2) a noção de repetição é inerente às próprias escolhas e atitudes da humanidade: você escolhe repetir as escolhas, os erros e os acertos que seus antepassados cometeram em outra Era porque você quer, e não pela simples fatalidade de que o tempo é cíclico, a história se repete e ponto.

No final das contas, chego até a uma conclusão: a Serpente tem uma identidade. Nós somos a Serpente! 

Cara excelente tópico!
Eu sempre via a Roda como a entidade responsável pelo destino do mundo, por manter a história se repetindo. Justamente tecendo as vidas para formar um único Padrão de uma era. Pra mim ela é meio que a responsável por manter o mundo vivo, no sentido de ter uma história. Pra mim se a Roda parasse de girar, o mundo entraria em colapso, sem um sentido de existir e mergulhando no caos.
A Serpente eu nunca soube dizer realmente o que ela significaria pra mim.... Vou pensar mais na serpente e depois eu comento novamente!

Agora uma outra dúvida minha:
No primeiro livro da série, é dito que os habitantes de Randland costumam se lembrar mais da Roda do que do Criador. O que é dito (até onde eu li no Shadow Rising) é que o Criador criou o mundo, prendeu o Dark One no ato da criação, criou a Roda e depois sumiu.

Ai vem minha pergunta: os Padrões de Eras que a Roda tece foram definidos pelo Criador? A Roda repete sempre os mesmos Padrões que o Criador definiu?
Ou a Roda tem algum tipo de autonomia para tecer as Eras da forma que Ela desejar?

Leandro,

Só para justificar com expressões da obra, seus dois primeiros parágrafos (especialmente a questão do símbolo do infinito que a serpente forma): "There are neither beginnings or endings to the turning of the Wheel of Time. But it was a beginning."

Spoiler:

Adorei suas colocações, ainda mais sobre os "temperos":
Antes de continuar, segue um spoiler de O Olho do Mundo:

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Vejam que somando o quanto pensado por Rand com o quanto dito nos capítulos 24 e 25, temos que o intento do Tenebroso é, justamente,

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Desta forma, Chronos, penso que o Tempo ser cíclio é justamente uma forma que a Roda, criada pelo Criador, tem de sempre encontrar uma ponderação, uma balança, um equilíbrio. Tanto que, a todo momento é dito que "a Roda tece conforme a Roda deseja" e os ta'veren são a prova (para mim) de que a Roda tem sim influência no tecer da Trama, mas que o "desenrolar dos fatos em si" não são controlados pela Roda.

Mas isso não significa que não seja "sob a supervisão" (ainda que indireta) do Criador, afinal, ele criou tudo, provavelmente, com algum propósito. Logo, a Roda está imbuída com algo de sua intenção.

Acredito que exista uma espécie de pré-definição dos "padrões" do que acontece em cada Era. Mas os fatos em si são determinados pelos seres viventes de tal período.

Gosto desta passagem do Lord of Chaos, capítulo 18, pois mostram que algumas coisas estarão sempre sob controle de uma força maior:

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É no sentido desse trecho que acredito que há uma "pré-definição" - não importa como, algumas coisas estarão sempre como "devem ser" (quem leu o trecho acima deve entender o que quero dizer. Assim, tudo deve voltar ao "status quo" do momento zero, quando o Criador criou a Roda, aprisionou o Tenebroso e "sumiu".

Vale lembrar que o tempo é representado por uma roda de sete aros e que cada um desses aros representa uma era (um longo período de tempo, milênios, talvez). Queria saber o que acontece quando um ciclo de 7 eras passa... Pois como uma Roda é redonda, na verdade, cada Era pode ser a primeira, e a última... não dá pra saber, mas ao mesmo tempo, a existência de "7 aros na Roda" pode ter algum outro significado.

A duração de tempo de cada era pode variar, mas é tempo suficiente para apagar toda e qualquer memória e registro da Era anterior.


Gosto de lembrar também da Roda do Samsara. Mas não vou me esticar nesse tema... http://en.wikipedia.org/wiki/Sa%E1%B9%83s%C4%81ra_(Buddhism)

E aí uma coisa que vc falou, Chronos, (a desaparição do Criador) me remete a algo que sempre me intrigou na série: não há uma "religião" estabelecida. Há uma espécie de "crença" em "verdades filosóficas e verdades universais" incontáveis. Tanto é assim que até um camponês, que nem sabia da existência de um Rei, sabia da existência da Grande Serpente e da Roda do Tempo.

Ainda:

Tem gente que acredita que nós vivemos na Primeira Era, por causa das referências perdidas na obra, tal como as do capítulo 4 (The Gleeman) em O Olho do Mundo ou, ainda, a estrela de três pontas no Panarch's Palace (um símbolo de ostentação que, nada mais é do que o símbolo da Mercede) e o fóssil de um animal exótico que claramente é uma girafa.

Franz, só não li o trecho em spoiler do Lord of Chaos, no restante li tudo xD
Eu também acredito que seja algo assim.
O Criador quando criou a roda criou também algumas situações defaults, mas a Roda é capaz de mudar essas situações default de acordo com acontecimentos da Era atual. Acho que é por isso que eu não consigo ver toda repetição de uma Era como sendo sempre igual.
Na verdade, acho até que são as pessoas, e os ta'verens mais do que todos, com seu poder de escolha que ajudam a Roda a tecer novos padrões a partir do Padrão Default. Imaginando mesmo um tear, eu imagino que a Roda vai montando o panorama geral do tecido da realidade. Mas os detalhes são dados pelos habitantes daquela era, de modo que nunca uma Era é igual a outra.

Agora, fiquei curioso e ainda não consigo pensar na função da Cobra nisso tudo...
O mais perto que eu consigo chegar é a visão de que ela dá o sentido de infinito para isso tudo, de modo que as Eras se repetem continuamente.

Fui pesquisar um pouco da Great Serpent na Wiki e lá não tem muita informação.
Diz apenas que é o Ouroboros e símbolo da natureza eterna e cíclica do tempo, além de ser o anel usad pelas Aes Sedai
Ai observando o símbolo da série, já perceberam que em vez de vermos uma Great Serpent só, podemos forçar um pouco a barrar e imaginar duas?
E se forem duas serpentes sobrepostas? Isso poderia ser um símbolo do Saidin e Saidar, uma vez que é a união dos dois que move a Roda e é apenas quando os dois lados da True Source operam juntas é que o máximo de "atividades" podem ser realizadas....

By the way: já ouvi dizer que existe uma diferença entre "True Source" e "One Power". Não sei qual é a diferença e ainda não cheguei nessas explicações nos livros, então perdoem se usei o termo errado

É exatamente isso o que penso, Chronos! É exatamente a figura do tear e as seres humanos vão "bordando" os detalhes.

Sobre a Serpente... ainda tenho minhas dúvidas, mas vejo algumas coisas: a serpente é o símbolo do eterno movimento da roda. Mas, mais que isso, vejo que a Grande Serpente é a própria força motriz que faz a "engrenagem" virar, pois ele está sempre tentando engolir sua própria cauda. Sem a Serpente, a Roda não giraria.

Quando terminar umas coisas aqui do trabalho, escrevo melhor.